sexta-feira, 20 de novembro de 2009

KABALAH




"Eis o nome do SENHOR vem de longe, ardendo na sua ira, no meio de
espessas nuvens; os seus lábios estão cheios de indignação,
e a sua língua é como fogo devorador." (Isaías 30:27)


Cabala, Qabala ou Kabalah (em hebraico: ) é a tradição mística e esotérica dos judeus. Os primeiros místicos judeus se identificavam pelos nomes de Maasse Bereshit (Trabalho da Criação; inspirados no livro do Gênesis) e Maasse Merkabá (Trabalho da Carruagem; relacionado com a visão de Ezequiel), e mais tarde, provavelmente sob influência do gnosticismo, tomaram como nome Chokmá Ha-Emet (Sabedoria da Verdade). A expressão "cabala", para designar o misticismo judaico, só apareceu na idade média. Cabala significa literalmente "tradição." A palavra "cabala" denota receber em hebraico, aludindo ao fato de que o conhecimento sagrado representado pela cabala (a gnosis) só pode ser compreendido se recebido por meio de instrução de algum sábio. Para proteger este conhecimento sagrado, e evitar que fosse profanado, a cabala era reservada aos sacerdotes e transmitida apenas na forma oral, tendo sido registrada por escrito pelos rabinos apenas no início da era cristã, devido à dispersão dos judeus (diáspora), que ameaçava com a perda deste conhecimento. Os mais importantes tratados da cabala judaica são o Sêfer Yetsirá, o Bahir e o Zohar. O primeiro é um texto judaico-gnóstico, provavelmente do início da era cristã, em que a criação divina é apresentada como produto da emanação, a partir de Deus (cujo aspecto mais oculto e desconhecido - o deus absconditus - é chamado pelos cabalistas de Ain Sóf), de dez potências, chamadas Sefirót, que formam a Árvore da Vida (o pleroma), e das combinações e permutações das vinte e duas letras do alfabeto hebraico (álef-bêt). As Sefirót formam boa parte das preocupações metafísicas dos cabalistas e representam uma redução dos infinitos aspectos da manifestação de Deus a apenas dez números arquetípicos. Nos tratados que formam o Zohar são apresentados comentários à Torá (na forma de midrashim) que revelam seu sentido místico oculto. Como o Sêfer Yetsirá diz que Deus criou o mundo combinando as letras do alfabeto hebraico, os cabalistas acreditam que combinações das letras do álef-bêt, particularmente os nomes divinos, tem poderes mágicos. Conta-se que o uso do sagrado nome de Deus (YHVH, ) podia dar vida ao Golem, um ser artificial, feito de terra. Na cabala mística, o uso dos nomes divinos, através de invocações ou cânticos (mantras), permite ao cabalista atingir novos estados de consciência (cabala meditativa). O poder do nome de Deus é sugerido pela Bíblia ao dizer que o nome de Deus é "como fogo que queima" (Isaías 30:27). Sobrevive até hoje como prática judaica disseminada, fundamentada nas idéias do Rabino Isaac Luria, um dos cabalistas mais importantes da história, o costume de associar o Shabat com a espera da "noiva", transformando o Shabat em bodas sagradas, permitindo estabelecer um paralelo com outros matrimônios sagrados de outras tradições místicas, como é o caso da união de Shiva e Shakti na tradição religiosa da Índia e de Cristo e Sofia entre os gnósticos. A cabala judaica posteriormente foi assimilada por grupos não judeus, permitindo o surgimento de outras vertentes, como é o caso da cristã e da hermética. Esta página apresenta informações não só sobre cabala, em suas vertentes judaica, cristã e hermética, mas também sobre outros assuntos relacionados e outras correntes filosóficas, místicas e religiosas que tiveram influência no pensamento dos cabalistas, ou foram influenciadas por eles, como são os casos do neoplatonismo, gnosticismo e hermetismo.

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